Mauricio Brito Magalhães, administrador de empresas, publicitário, agitador cultural, comandou por muitos anos a agência de publicidade TUDO, atualmente é sócio e CEO da Giros Filmes, uma das melhores produtoras do país, consultor da Mundo Real empresa de MKT estratégico e conselheiro do Hospital Irmã Dulce. Apaixonado por Salvador, divide hoje esse amor com sua nova cidade, São Paulo, onde vive há 16anos.
Entrevista com Mauricio Magalhães
Maurício, você estava como diretor da TV Bahia, como pintou a proposta de trabalhar em Sampa?
Quando recebi a proposta já estava há alguns anos com o sonho de morar em São Paulo, cidade que me atraía. Saí de General 6 estrelas na Rede Bahia, para, com 45 anos, recomeçar a vida como Cabo e foi a melhor coisa que fiz.
Hoje você é apaixonado por São Paulo, mas como foi o começo, difícil?
Amo, amo São Paulo. Aqui, até tem paulistano, uma cidade em que o melhor são as pessoas. Pessoas interessantes, cidade que nunca é morna, ou é gelada, ou fervendo. Aqui aprendi a dizer não, a ter sonhos, a entender que o esforço vale a pena. Em SP não sou primo, sobrinho, filho de ninguém, aqui vale sua trajetória, só isso, é sensacional.
A minha, e a chegada de qualquer um nessa cidade é sempre difícil, mas asseguro que, quem tiver resiliência, vence. A cidade te toma energia mas te dá pertencimento.
A maior metrópole do país é fascinante, como é fazer publicidade em Sampa, mais fácil?
Na verdade, como SP atrai gente de todo o país, e gente com sonhos e vontade de prosperar, na publicidade diria que é uma publicidade nacional, pois os grandes anunciantes e veículos estão aqui, mas na prática é feita por baianos, gaúchos, pernambucanos, catarinenses, mineiros e também paulistas.
Para um homem que viveu a sua vida profissional entre SSA e SP, quais as maiores diferenças entre as duas cidades?
Em São Paulo você se sente você, como indivíduo, em Salvador você se sente um coletivo. Porém em SP a sociedade civil é coletiva, espírito de pertencimento, enquanto Salvador é mais individualista. SP as pessoas ocupam as ruas, Salvador você vai de carro comprar um pão a duas quadras. Mas, ainda assim, Salvador tem um charme só dela. Nosso povo é demais.
Hoje você comanda duas novas empresas, a Mundo Real (consultoria de mkt) e a Giros(áudio visual), fale um pouco sobre esses novos empreendimentos.
Na prática criei um holding de negócios com sócios maravilhosos, que me permitem fazer e trabalhar em atividades que amo: marketing e conteúdos, na Mundo Real e na Giros, respectivamente. Marketing é uma ciência que infelizmente é mal utilizada, confundida com propaganda, porém as empresas hoje mudam suas visões e a necessidade de construção, de posicionamento e estratégia, é cada dia mais necessária. E conteúdos ( audiovisual) está bombando.
Como a pandemia afetou seu segmento?
A pandemia finalmente trouxe o século XXI para a vida das empresas, e pressionou a criatividade e a transformação digital.
Esse foi um efeito colateral positivo no meio dessa triste realidade que nunca imaginamos ser possível, mesmo nos melhores filmes de ficção.
Quais projetos estão pra sair do forno?
Os projetos que estou em estado de excitação são: na Giros os filmes que sou produtor executivo sobre, as vidas do Presidente FHC, chamado presidente improvável e sobre a do homem que mudou a história do futebol no mundo, João Havelange, esse, terá lançamento mundial.
E na área de marketing, é escrever um livro sobre o MKT do mundo real no Brasil.
Há poucos dias perdemos o grande publicitário baiano Duda Mendonça, como está a publicidade no Brasil?
Duda foi um gênio. Mudou a propaganda e o marketing no Brasil, e diria que o MKT político só existe como é, graças a ele, foi o criador.
A propaganda hoje se reinventa à luz da comunicação como um todo e, principalmente, em função do mundo digital, mas ao meu ver, continua genial.
Você já mexe com audiovisual, cinema tá na sua mira?
Cinema, séries, documentários, animações, é uma linda indústria que começa a ganhar musculatura no Brasil.
O audiovisual é estratégico para qualquer país, especialmente pela preservação da língua, a perpetuação de nossa história e cultura, do jeito de ser.
A Giros está acelerando. A Bahia deveria ter um filme comition e estimular cineastas do mundo inteiro a filmar em nossas paisagens e nossas histórias, fora apoiar nossos artistas.
Seus vínculos com sua terra Natal são muitos fortes, sua família continua morando aqui, muitos amigos, o bloco Eva, que você ajudou a fundar, voltar pra Salvador tá no seu radar?
Somos baianos e soteropolitanos sempre, e em qualquer situação. Amo minha terra, meus amigos, minha família. Como Gilberto Gil escreveu, “a Bahia já me deu régua e compasso”, sinto isso.
Mas sinto que apesar de estar sempre ali, não penso em voltar nessa fase de minha vida. SP é o meu novo lar, pois me conecta mais às minhas verdades.
Maurício, você é um vencedor, bem sucedido, se considera um homem realizado ?
Não me acho nem bem sucedido, nem realizado plenamente.
Acordo todo dia com meus medos e fantasmas e o maior deles é não ter projetos e sonhos. E só acho que tenho 61 anos quando vejo fotos minhas mais jovem, e meu corpo já não tem a mesma energia. Porém nessa fase, já me tolero mais e tenho sido belo parceiro de mim mesmo ( rsrs), pois no passado não me tolerava muito, agora sou mais feliz com as escolhas que fiz até aqui.
Por Jorginho Sampaio