Estudantes de Salvador viajam para intercâmbio cultural em Portugal

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Yasmin Bispo Santana, de 13 anos, fará sua primeira viagem de avião na próxima quinta-feira (19), e o destino não será nacional. A adolescente, que estuda na Escola Municipal Iacy Vaz Fagundes, na Federação, é uma das 14 estudantes da rede municipal de ensino que embarcarão nesta quinta-feira (14) em um intercâmbio sociocultural para a cidade de Lisboa, em Portugal.

Yasmin foi selecionada pelo projeto de arte-educação “Era Uma Vez… Brasil”, voltado para estudantes e professores de História do oitavo ano da rede pública de ensino. Além dos adolescentes, o professor de História Pedro Romildo dos Santos, da Escola Municipal Visconde de Cairu, no Engenho Velho de Brotas, também levantará voo com destino às terras lusas.

“A expectativa para essa viagem está lá em cima! Desde o ano passado, quando conheci e me aprofundei mais no projeto, vendo meus colegas participarem e passarem, pensei: ‘Quero viver isso, eu preciso viver isso!’ Mas nem acreditava que conseguiria ser selecionada. Quando passei, pulei de alegria!”, conta Yasmin.

Recontar a história – De acordo com a diretora executiva do projeto, Marici Vila, o “Era Uma Vez… Brasil” é uma iniciativa anual e pedagógica, integrada ao ambiente escolar, que oferece aos adolescentes a oportunidade de recontar a história do Brasil para estudantes portugueses sob uma perspectiva não eurocêntrica. Ao mesmo tempo, permite que os participantes brasileiros se familiarizem com a forma como essa história é narrada pelos próprios colonizadores.

“É uma ação integrada ao ambiente escolar, não apenas focada na viagem em si, mas em um trabalho contínuo junto às escolas e professores de História, recontando a história do Brasil por uma perspectiva não eurocêntrica. Esse é o grande diferencial do projeto: sair da centralidade europeia e promover outros protagonismos, permitindo que os alunos reconheçam seu lugar nessa história”, explica Marici.

O processo de escolha dos alunos para o projeto “Era Uma Vez… Brasil” começa com a inscrição, aberta a estudantes da Bahia, Pernambuco e São Paulo. Na Bahia, além dos alunos das escolas municipais de Salvador, também foram escolhidos adolescentes de Mata de São João e Jacobina.

Na primeira etapa, os alunos desenvolveram uma história em quadrinhos — neste ano, a temática foi a Independência do Brasil. Os melhores trabalhos foram selecionados para a segunda fase, na qual os autores participaram de um acampamento e foram incentivados a criar curtas-metragens.

“No acampamento, avaliamos o engajamento e a capacidade de trabalhar coletivamente. Buscamos identificar quem se destacou em termos de colaboração, respeitando as diversas habilidades, como roteiro, filmagem, fotografia e direção. A experiência ajuda a selecionar os alunos que viajarão para Portugal, onde apresentarão os curtas e as histórias em quadrinhos, compiladas em uma coletânea das melhores produções do Brasil”, completa Marici.

Quem também cruzará o Atlântico é Vítor Tavares Souza, de 14 anos, aluno da Escola Municipal Cleriston Andrade, em São Marcos. Ele foi o quarto aluno da unidade de ensino a ser selecionado para o intercâmbio.

“No começo, eu estava um pouco nervoso, achando que não ia ser chamado. Mas durante a dinâmica conheci muita gente legal, fiz amizades que quero levar para a vida. Além disso, foi incrível aprender mais sobre a nossa cultura. É a minha primeira viagem para fora do país, a primeira vez que vou andar de avião e o primeiro da família a ter essa oportunidade”, comemora o garoto.

Experiência – Cristal Ribeiro Barreto, de 14 anos, da Escola Municipal Visconde de Cairu, foi uma dos 11 estudantes das escolas municipais de Salvador a viajarem para Portugal na edição anterior do projeto. A aluna diz que o intercâmbio a permitiu perceber como a história do Brasil é ensinada de forma diferente em Portugal, onde as pessoas têm “uma visão mais superficial e às vezes idealizada de figuras históricas”.

“Participar do projeto me deu um conhecimento maior sobre a nossa história. Lá em Portugal, percebemos que o estudo é bem diferente do que aprendemos aqui, é uma visão mais superficial. Em debates com os alunos portugueses, por exemplo, percebemos que para eles algumas figuras, como Pedro Álvares Cabral, são vistas como heróis, enquanto para nós a visão é outra”, lembra.