A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou o mês de março em 0,56%, uma desaceleração em relação ao índice de 0,78% registrado em fevereiro. Os dados foram divulgados hoje (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar da desaceleração, o resultado ficou acima das expectativas do mercado financeiro, que projetava uma alta de 0,51% para o mês. No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação atingiu 4,12%, permanecendo dentro do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
O grupo de Alimentação e Bebidas foi o principal responsável pela pressão inflacionária no mês, com alta de 0,92%, contribuindo com 0,19 ponto percentual no índice geral. Segundo o IBGE, fatores climáticos adversos, como as fortes chuvas na região Sul e a seca prolongada no Norte e Nordeste, afetaram a produção e o escoamento de diversos alimentos, elevando seus preços.
Entre os itens que mais pressionaram o índice estão o tomate (15,32%), a batata-inglesa (12,75%) e as frutas (3,75%). Por outro lado, alguns produtos apresentaram queda de preços, como o feijão-carioca (-4,12%) e o arroz (-1,85%), ajudando a conter uma alta ainda maior do grupo.
O segundo maior impacto veio do grupo de Transportes, com alta de 0,65%, influenciado principalmente pelo aumento nos preços dos combustíveis (1,28%). A gasolina subiu 1,35%, o etanol 1,89% e o diesel 0,98%. O transporte público também registrou aumento, com destaque para as passagens de ônibus urbano (0,72%) e metrô (0,65%).
Já o grupo de Habitação apresentou alta de 0,48%, com destaque para o aumento na energia elétrica residencial (0,85%), refletindo a aplicação da bandeira tarifária amarela em março, que acrescenta R$ 1,50 a cada 100 kWh consumidos.
O economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Felipe Pereira, avalia que, apesar da desaceleração em relação a fevereiro, o resultado de março acende um alerta para o Banco Central. “O índice veio acima do esperado e mostra que as pressões inflacionárias seguem presentes na economia, especialmente no setor de alimentos, que tem peso significativo no orçamento das famílias de menor renda”, afirma.
Para o segundo trimestre, a expectativa dos analistas é de uma inflação mais comportada, com a normalização gradual da produção agrícola e a estabilização dos preços dos combustíveis. No entanto, o cenário ainda inspira cautela, principalmente devido às incertezas relacionadas ao clima e à política de preços dos combustíveis.
O Banco Central tem mantido a taxa básica de juros (Selic) em 10,5% ao ano, e o resultado da inflação de março pode influenciar as próximas decisões do Comitê de Política Monetária (Copom). O mercado financeiro já projeta a manutenção da Selic nesse patamar por um período mais longo do que o anteriormente previsto.