O São João da Bahia tem cheiro e sabor da agricultura familiar. Este ano, as festas continuam suspensas, mas as delícias típicas estão garantidas. A colheita dos principais produtos das festas juninas, como o milho, a mandioca, o amendoim e a laranja, está a todo vapor e as vendas sendo realizadas em feiras livres e mercados municipais de todo o estado, garantindo o preparo das comidas e bebidas típicas e renda para o agricultor.
O milho é o principal ingrediente da festa. Assado, cozido ou como canjica, curau e pamonha, seja como for, ele não pode faltar, e os agricultores da Cooperativa Agropecuária Mista Regional de Irecê (Copirecê) garantiram a produção. Foram 900 mil quilos de milho colhidos na safra de 2021.
A maior parte do milho colhido é transformado pela cooperativa em produtos, como o Flocão Puro Milho, Mingau de Milho Verde, Mingau Multicereais, Mugunzá e Creme de Milho, reconhecidos por serem os únicos com milho não transgênico do estado. Tudo já pronto para fazer parte da mesa dos quitutes de São João.
De acordo com o presidente da Copirecê, Walter Ney Dourado, o mês de junho é o mais esperado pela cooperativa: “É aquele mês que a gente sabe que a meta será alta, e trabalhamos fortemente para alcançá-la. Fazendo uma comparação com o mesmo período do ano passado, já notamos um aumento no nosso faturamento, de 40% a mais. Os produtos mais procurados neste mês é a canjica amarela para mungunzá, canjiquinha ou curau de milho”.
Segundo dados do Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE 2017), a agricultura familiar responde na Bahia por 59,0% da produção anual de milho verde em espiga, por 79,0% da produção de amendoim, 76,0% da produção de mandioca e 42,0% da produção de laranja.
O amendoim também é protagonista da festa e é base de diversas receitas saborosas, tanto de bebidas como de comidas. No município de Acajutiba, os agricultores familiares da Associação Pajeú colheram 30 mil quilos de amendoim de seus quintais e a venda já está garantida na região. A agricultora Trindade Reis é uma das produtoras de amendoim: “Todos os anos a gente planta amendoim e tiramos entre 45 a 50 sacas. É um complemento que garante mais três meses de renda”.
Outro produto que reina neste período é a mandioca, ingrediente básico que dá forma à farinha, beijus, gomas, polvilhos e bolos. A Cooperativa de Produtores Rurais de Presidente Tancredo Neves (Coopatan) produziu 1.352 toneladas de mandioca, de janeiro a maio deste ano, e já contabiliza um aumento de 56% em relação ao ano passado. Na Coopatan, a mandioca vira beiju e farinha, também com a marca Itabaiana e a massa para tapioca da marca Realeza. A Coopatan comercializa seus produtos em redes de supermercados nacionais e nos regionais, de toda a Bahia.
A laranja tem seu lugar e marca presença. Em bolos ou na decoração, a fruta se destaca. Em Rio Real, 84 agricultores ligados ao Centro Agroecológico do Litoral Norte (Cealnor) colheram 1.612 toneladas de laranja. A maior parte é vendida para a Cooperativa Agropecuária do Litoral Norte da Bahia (Coopealnor) e a outra parte nas feiras livres da região.
Bebidas
De norte a sul da Bahia, as comidas estão garantidas e as bebidas também. O licor, bebida junina típica mais famosa dessa época, é um sucesso e traz os sabores de cada região do estado. Em Monte Santo, a Associação Tapera, vinculada à Cooperativa Regional de Agricultores Familiares e Extrativistas da Economia Popular e Solidária (Coopersabor), tem licores nos sabores jenipapo, umbu, licuri, cajá, amendoim, maracujá do mato, maracujá, abacaxi e maracujá cremoso.
Com os sabores da Caatinga, a Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc), localizada no município de Uauá, produz licor artesanal de umbu e de maracujá da Caatinga. Tem ainda o licor de mel de cacau, da Cooperativa de Serviços Sustentáveis da Bahia (Coopessba), de Ilhéus, da marca Natucoa, e, também, da Cooperativa da Agricultura Familiar e Economia Solidária da Bacia do Rio Salgado e Adjacências (Coopfesba), de Ibicaraí, que administra a marca Bahia Cacau.
As organizações produtivas da agricultura familiar são apoiadas pelo Governo do Estado, por meio da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa pública vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR). Os recursos são aplicados desde a base produtiva até a comercialização dos produtos.
Para o público soteropolitano, alguns produtos podem ser adquiridos por meio de plataformas digitais, como os sites coophub.com.br e www.escoarbrasil.com.br.