O Memorial das Baianas de Acarajé, espaço expositivo dedicado à tradição, à história e aos valores das quituteiras que são consideradas um dos maiores símbolos culturais do estado e do Brasil, teve as obras de revitalização iniciadas pela Prefeitura nesta sexta-feira (20). A ordem de serviço para as intervenções foi assinada pelo prefeito Bruno Reis, ao lado de baianas e gestores municipais, durante solenidade na Praça da Sé, no Centro Histórico.
O projeto, elaborado pela Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), visa melhorar e valorizar toda a estrutura que está degradada pelo tempo, dando mais conforto aos visitantes. Além de melhorias no espaço físico, a iniciativa prevê o resgate da função do espaço para exposição permanente da história das baianas, realização de eventos e divulgação da gastronomia regional, especialmente do acarajé. Tudo isso adequado às exigências de acessibilidade e segurança.
“A cidade tem uma história marcada pela influência e tradição da cultura afro. Sem dúvidas, as baianas de acarajé são um dos principais símbolos. Esse memorial será visitado não apenas por nós soteropolitanos, mas também por milhares de turistas que vierem a Salvador”, destacou Bruno Reis.
Situado ao lado do Monumento da Cruz Caída (Praça da Sé), o Memorial das Baianas de Acarajé integra o caldeirão de atrativos da região, como o Museu da Misericórdia, Elevador Lacerda, Casa do Carnaval da Bahia, Catedral Basílica, entre outros pontos turísticos. No local, será feita a reforma da cobertura, complementação em laje pré-moldada, assim como melhorias no revestimento das paredes, no piso e nos forros, além de pintura, instalação de esquadrias de madeira, metálica e vidro.
O projeto abrange, ainda, novas instalações elétricas e hidráulicas, substituição de toldo, execução de paisagismo e iluminação cênica, serviço de drenagem pluvial e instalações de combate a incêndio e segurança. Além disso, a ideia da revitalização é proporcionar conhecimento e informações de interesse geral da população e turistas, estimular a geração de renda, empreendedorismo e oportunidade de empregos. Dessa forma, será criado um espaço para a comercialização de adornos, roupas e lembranças ligadas ao ofício das baianas.
A revitalização está em alinhamento com a política nacional do turismo e contribuirá para o desenvolvimento e fortalecimento do setor, enaltecendo e divulgando um ícone da cultura nacional. O investimento para as obras é de R$ 384,2 mil, provenientes do Ministério do Turismo, e o prazo para conclusão é de três meses. A iniciativa será executada pela G3 Polaris Serviços e terá supervisão da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra), por meio da Superintendência de Obras Públicas (Sucop).
“São mais de 40 iniciativas voltadas para o Centro Histórico, todas elas com o principal objetivo de resgatar nossa história e de segurar mais o turista na nossa cidade. Antes os visitantes passavam três a quatro e dias aqui. Hoje esse número subiu para seis a sete dias. Com os equipamentos que estão sendo entregues, a ideia é que o tempo de permanência dos turistas chegue a dez dias. São esses os nossos ativos e apostas. Só vamos ter condição de competir com outras cidades do Brasil e no mundo investindo na construção de novos espaços e requalificando os existentes”, acrescentou o prefeito.
No ofício de baiana de acarajé há mais de uma década, Alessandra Souza comemorou o início das obras no memorial. O lugar, explica ela, sofria com diversos problemas, como infiltrações, cupins e fiações expostas. “Era um pedido nosso há muitos anos. A minha expectativa é que, após essa reforma, esse espaço possa voltar a receber turistas e a realizar cursos. Esse edifício representa nossa vida, história e cultura. Tudo o que a baiana tem está aqui”, disse.
Para a coordenadora do memorial, Tânia Pereira, o equipamento é uma extensão da própria casa. “Temos um carinho grande por este lugar. Não tínhamos condições financeiras de assumir uma reforma desse porte. São obras que chegam em um bom momento. Espero que seja feita uma manutenção permanente para que todo o acervo do local fique devidamente conservado”, salientou.
Censo – Durante a assinatura da ordem de serviço para revitalização do Memorial das Baianas, Bruno Reis anunciou mais uma iniciativa para valorização das profissionais. A Prefeitura deu início a um censo que será concluído em até 60 dias para cadastrar todas as baianas de acarajé de Salvador.
Depois de cadastradas, todas as baianas serão treinadas, qualificadas para desenvolver melhor o próprio negócio. “Após essa qualificação daremos um novo kit padronizado para que as baianas de acarajé ofereçam um serviço de mais qualidade junto ao cidadão. Não faltará esforços para enaltecer e reconhecer a importância que as baianas têm para a cidade e para o estado”, frisou Bruno Reis.
História – Inaugurado em 2009, o Memorial das Baianas é um equipamento de turismo que foi concebido para integrar diferentes espaços: cozinha, sala de oficinas, salas de exposição e centro de referência, numa perspectiva de potencializar a difusão dos conhecimentos associados ao ofício da baiana, que é patrimônio cultural brasileiro, reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 14 de janeiro de 2005, no Livro de Registro dos Saberes.
Com esse conceito, o memorial mostra a história do ofício das baianas bem como a imagem e trabalhos das baianas de acarajé, como os fios-de-contas, pano-da-costa e sua indumentária.