Pela primeira vez, a programação do Março Mulher incluiu o atendimento às mulheres trans e travestis da capital baiana. Na manhã desta sexta-feira (18), 35 mulheres trans e travestis, que participam do projeto PrEP Trans (Gapa-BA), receberam atendimentos de saúde no Multicentro Liberdade. Com o slogan “Saúde para todas as mulheres”, a programação promoveu o acesso às consultas com médicos clínicos, nutricionista e odontólogos.
Como forma de ampliar a atenção à saúde deste público, também foram realizados serviços de impressão do cartão SUS com nome social, atualização de cartão vacinal, agendamento de exames laboratoriais e de imagem, dentre outros. O técnico do campo temático de saúde da população LGBT, Erik Abade, destacou o posicionamento institucional da SMS, no sentido de reafirmar que todas as mulheres devem ser acolhidas pelo SUS.
“Todas as mulheres têm direito ao acesso à saúde. Essa iniciativa é um reconhecimento da identidade de gênero das mulheres trans e travestis. Hoje, a secretaria trabalha especialmente com a qualificação de serviço para atendimento desse público, livres de transfobia, além de ter um canal direto com os movimentos sociais, para garantir o acesso aos serviços de saúde do município, não apenas em ações específicas, mas dando a atenção integral”, afirmou Abade.
Atenção integral – A gerente operacional do Multicentro, Vânia Santana, falou que o atendimento humanizado, direcionado às trans, é uma prática comum no equipamento. “Esse momento é um marco no nosso atendimento. Nós não vamos ficar só nessa ação. Essa é uma porta de entrada para que elas se sintam acolhidas e possam ter, neste espaço, atendimento de saúde com humanização e respeito. Nossas profissionais estão preparadas para recebê-las, sem que haja nenhum tipo de constrangimento ou empecilho”, afirmou.
Navegadora do projeto PrEP Trans, a educadora física Camile Nascimento destacou a importância da ação. “A iniciativa de hoje é marcada pela luta dos nossos direitos, como mulheres trans, que também possuem demandas em saúde. Com certeza, é uma grande conquista”, comemorou.
Segundo Camile, é comum ouvir relatos de mulheres trans e travestis que foram desrespeitadas em espaços de saúde, não tendo seus nomes sociais respeitados, sendo violentadas, inclusive no atendimento, por profissionais não preparados. “Iniciativas como essa, reforçam a política de equidade e inclusão”, pontuou.
Ela ainda analisa que as barreiras e preconceitos, encontrados no atendimento, afastam o público que necessita do acesso à saúde. “É importante humanizar o atendimento às mulheres trans. Se a gente sai de casa com uma dor e é maltratado, no local onde se busca a cura, saímos muito pior do que entramos e nunca mais voltamos. No cenário brasileiro, infelizmente, isto é muito frequente. Por isso, é necessário a humanização na tratativa. Somos pessoas normais e queremos ser tratadas desta forma”, concluiu Camile.