Nove em cada 10 brasileiros consideram grave a situação da pandemia, segundo pesquisa da CNI

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Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Nove em cada 10 brasileiros consideram grave a situação da pandemia de Covid-19 no Brasil. A informação é da segunda etapa da pesquisa “Os brasileiros, a pandemia e o consumo”, da Confederação Nacional da Indústria (CNI). De acordo com o levantamento, o cenário é considerado grave por 89% da população. Há um ano, esse percentual era de 80%.

Para o diretor científico da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, José David Urbaéz, o aumento da percepção de gravidade da pandemia se deu pelo próprio agravamento da doença no Brasil, no início de 2021.

“Esse aumento na percepção da gravidade é o cenário que se construiu com a recrudescência [da Covid-19] e que de alguma forma mexeu com o negacionismo e a falta de percepção da realidade. As cenas terríveis de pacientes se sufocando por falta de oxigênio, o colapso nas estruturas hospitalares, o aumento significativo do número de casos e de óbitos; tudo isso cria um conjunto narrativo extremamente sensibilizador à população”, afirma.

A pesquisa foi realizada entre 16 e 20 de abril, com 2.010 pessoas. Para 93% das mulheres entrevistadas, a situação é grave ou gravíssima. Já entre os homens, esse percentual é de 85%. Por faixa etária, 86% da população entre 25 e 40 anos consideram a pandemia como grave. Já entre aqueles com mais de 60 anos, essa percepção sobe para 92%.

José David Urbaéz também cita outros fatores que levaram a população a se conscientizar sobre a gravidade da  pandemia, como a falta de sedativos para pacientes que precisam de intubação; as novas cepas do coronavírus, mais transmissíveis e letais; e o aumento de internações e mortes entre pessoas mais jovens pela Covid-19.

Arte - Brasil 61

Medidas de prevenção

Para o doutor Urbaéz, apesar do aumento na percepção de gravidade da situação, não se pode afirmar que as medidas de prevenção também se expandiram, já que grande parte da população – muitas vezes em situação de vulnerabilidade socioeconômica – continua se expondo ao vírus para trabalhar e se sustentar.

“Esses trabalhos ocorrem, em grande parte, em locais fechados, com má ventilação. Os trabalhadores são obrigados a tomarem sempre o risco para si, [como no caso] do transporte público. Todas essas circunstâncias desfavoráveis fazem com que a possibilidade de que a consciência da gravidade pudesse melhorar os cuidados não aconteça, porque está fora da governabilidade das pessoas”, esclarece o especialista.

Vacinação

Segundo o Ministério da Saúde, 39.742.084 pessoas já tomaram a primeira dose da vacina contra Covid-19, o que representa quase 19% da população, e 18.823.574 pessoas tomaram a segunda dose, cerca de 9% dos brasileiros. Os dados são do dia 26 de maio.

Para o infectologista, a campanha de vacinação contra a Covid-19 é fundamental para ampliar a cobertura da imunização no País.

“Por mais que vacinemos, nesse momento, dois ou três milhões de pessoas, ainda estaríamos longe de termos um percentual de vacinados de 50% da população com duas doses, o que permitiria um certo alívio no sentido de controle da pandemia”. Com a baixa vacinação, Urbaéz reforça a necessidade de aliar a vacinação às medidas de isolamento social.

O senador Nelsinho Trad (PSD-MS) defende a ampliação da cobertura vacinal contra a Covid-19 para atingir a imunidade coletiva.

“Tão importante quanto a vacina no braço da população é adquirir a chamada imunidade de rebanho. Quando se tem 70% da população imunizada, os anticorpos acabam sendo muito mais fortes que o vírus, dentro da população em geral. Com isso, se cria a imunidade de rebanho ou a imunidade coletiva”, afirma.

Os números da vacinação da Covid-19 no Brasil estão disponíveis em um novo portal do Ministério da Saúde. A plataforma contém informações atualizadas sobre as doses disponíveis e aplicadas em cada estado brasileiro; quando os laboratórios devem entregar novas doses; ranking mundial de vacinação; recomendações de proteção contra o coronavírus e outras informações sobre a pandemia.