Parceria visa fomentar turismo de observação de baleias em Salvador

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A Prefeitura de Salvador e o Projeto Baleia Jubarte fecharam uma parceria com o objetivo de fomentar o turismo de observação de baleias entre os meses de julho e outubro na cidade, período em que as fêmeas saem da Antártica à procura de águas mais quentes e calmas para ter os seus filhotes, amamentá-los e realizar os seus rituais de acasalamento. Desde a última segunda-feira (17), o Museu Náutico da Bahia, no Farol da Barra, conta com um ponto fixo de observação com a presença de equipes do Projeto e apoio das secretarias municipais de Cultura e Turismo (Secult) e de Sustentabilidade, Resiliência, Bem-estar e Proteção Animal (Secis).

As equipes permanecerão no Farol da Barra até o dia 15 de outubro, fazendo a observação das baleias do alto da torre do Farol da Barra e oportunizando que os visitantes participem da busca ativa com binóculos cedidos pela equipe, em uma experiência conhecida como ciência cidadã. No local, também serão realizadas atividades como palestras e oficinas, atendimentos especiais para instituições de ensino, produção e distribuição de folhetos educativos, pesquisa e exposição fotográfica “Baleias Urbanas Soteropolitanas”, que mostra a relação entre Salvador e as baleias.

De acordo com o coordenador do Projeto Baleia Jubarte e doutor em Ciência Animal pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), Gustavo Rodamilans, o projeto fomenta o turismo de observação das baleias em Salvador. “As baleias estão passando por toda a costa e aproveitamos para, nessa parceria com a Prefeitura, colocar placas na orla falando sobre o comportamento das baleias, como forma de incentivar o turismo de observação e conscientizar os cidadãos para que olhem os animais e sua beleza. Agora em agosto, por exemplo, teremos a maior concentração, com muitas fêmeas e filhotes – uma ótima oportunidade para que os soteropolitanos saiam e vejam as baleias com a gente”.

Oriundos de Brasília (DF), a servidora pública Vivian Oliveira, de 37 anos e o filho Theodoro, de 4 anos, aproveitaram para conhecer o local de observação. “A gente começou a ver na Costa do Sauípe uma introdução sobre as baleias e aqui para mim foi uma surpresa, não sabia que íamos encontrar o pessoal do instituto falando sobre os animais. Pegamos o binóculo, observamos o local onde elas costumam ficar. Foi uma ótima experiência e Theo ficou encantado”.

Vinda de São Paulo, a estudante de administração Rebeca Oliveira, de 24 anos, estava acompanhada da mãe Ana Rute, de 54. “É a minha primeira vez aqui e eu estou achando incrível, nem esperava que eu ia ver baleias e já consegui. Estou realmente encantada, uma coisa linda”, declarou.

Ponto de observação – O ponto fixo de observação em Salvador foi montado no Farol da Barra no ano passado e permitiu 577 avistagens de baleias. Além disso, o Projeto Baleia Jubarte registrou 44 mil visitas à exposição Baleias Urbanas Soteropolitanas e mais de 5 mil participações em palestras, na ciência cidadã e atendimentos a grupos.

Além do ponto fixo de observação, duas operadoras de turismo credenciadas, parceiras do Projeto Baleia Jubarte, irão operar o turismo de observação de baleias na capital: a Shark Dive Centro de Mergulho e a Luck Receptivo Salvador. Essas operadoras seguem a legislação vigente para a atividade e suas equipes são treinadas pelo projeto. Nas saídas de observação a equipe do Baleia Jubarte se faz presente, realizando uma rápida palestra sobre os animais, acompanhando no mar para esclarecer dúvidas dos visitantes e coletando dados científicos.

Normas – A Portaria do Ibama Nº 117/96 estabelece regras de prevenção dos cetáceos encontrados em áreas brasileiras. Entre as normas, é necessário manter uma distância de 100 metros das baleias e desengrenar o motor da embarcação. No caso de algumas espécies, determina-se desligar o motor ou deixá-lo em ponto neutro. Além disso, é proibida a prática de mergulho ou natação, com ou sem o auxílio de equipamentos, a uma distância inferior a 50 metros de baleia de qualquer espécie.

As proibições estão presentes no Manual de Boas Práticas de Observação de Baleias, disponível no site www.baleiajubarte.org.br. O material também será impresso por meio de uma parceria entre o Projeto Baleia Jubarte e a Prefeitura de Salvador e em seguida distribuído no meio náutico, inclusive marinas, portos e guarderias de canoas havaianas.

Curiosidades – Segundo Rodamilans, a estimativa da população de baleias na costa brasileira é de 30 mil. Os filhotes das baleias já nascem com quatro metros de comprimento e uma tonelada, são totalmente dependentes das mães e se alimentam com cerca de 80 a 100 litros de leite por dia, nos seis primeiros meses. Só depois desse período, esses filhotes começam a se alimentar de pequenos peixes.

Em caso de encalhe desses animais na região que vai de Ilhéus até a divisa com Sergipe, a população deve entrar em contato com o Baleia Jubarte por meio do telefone (71) 99657-2056. Em todo o ano de 2022, foram registrados 108 encalhes.

“A orientação é que as pessoas não encostem nos animais. Algumas tentam ajudar a colocar na água, mas é uma tarefa impossível para um ser humano, pois um filhote de baleia pesa uma tonelada e, às vezes, o animal se debate, esbarra ou mesmo acaba rolando em cima da pessoa, podendo causar fraturas ou até mesmo uma morte por esmagamento. Ao receber o contato, nós fazemos o atendimento imediato”, alerta o coordenador.