Mães, pais, filhos e filhas de santo de diversas nações participaram, na terça-feira (21) do primeiro Xirê em comemoração à Lei 14.519/2023, que institui o Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações de Candomblé. O evento foi realizado no Parque Pedra de Xangô, inserido na Área de Proteção Ambiental (APA) Vale da Avenida Assis Valente, em Cajazeiras X.
Caracterizados de branco ou da cor representante dos orixás e com as vestimentas das religiões de matrizes africanas, o povo de santo comemorou a data dançando e cantando para os orixás. A palavra Xirê, do Yorubá, significa roda, brincar ou dança para a evocação dos orixás conforme cada nação.
“Decidimos que essa data não poderia passar em branco e queremos dizer que será um dia tradicional para nós. No próximo ano teremos o segundo Xirê, que vai começar pela manhã com várias apresentações e grupos de axé. Essa é uma data marcante para todos nós, momento em que teremos homenagens, troféus e certificados. Temos aqui hoje diversas nações Ketu, Angola, Ijexá, Umbanda, Kimbanda, todo o povo de candomblé reunido em uma só missão, em uma só luta, que é a luta do nosso povo”, contou pai Willian de Oxalá, babalorixá presidente do programa A Voz do Candomblé.
Simbolismo – O babalorixá ressaltou ainda o simbolismo da realização do evento no único parque com nome de orixá na Bahia. O parque foi inaugurado pela Prefeitura de Salvador em maio do ano passado em reverência à história e religiosidade do local. A inauguração ocorreu no dia 4 de maio, mesmo dia em o monumento completou cinco anos de tombamento.
Diretora de Patrimônio e Humanidade da Fundação Gregório de Mattos (FGM), Milena Tavares representou a instituição no Xirê. “Nos orgulhamos muito desse processo de reconhecimento do espaço sagrado brasileiro, enquanto patrimônio cultural da cidade, especialmente pelo testemunho da apropriação em rituais e manifestações diversas que condizem com o sentido real de patrimônio”, opinou.
Reconhecimento – Em 2014, a gestão municipal criou o Decreto 25.560, que reconhece para fins jurídicos e administrativos, as organizações dos povos e comunidades de terreiros, delegando à Secretaria Municipal da Reparação (Semur) a missão de organizar, atualizar e disponibilizar aos entes públicos, através de um sistema integrado de informática, o banco de dados contendo o registro dos Povos e Comunidades de Terreiros existentes em Salvador.