Programa Mulheres de Favela transforma vida de alunas no Subúrbio

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Com pouco mais de um mês de iniciado, o Programa Mulheres de Favela já contou com uma média de 500 mulheres matriculadas nas capacitações, que ocorrem no Subúrbio 360 em Coutos. Este mês, as alunas estão tendo aulas de empreendedorismo, maquiagem, design de unhas, trancista e dread, construção civil e design de produtos e negócios lucrativos. O encerramento está previsto para esta sexta-feira (16), exceto para o curso Marias da Construção, na área da construção civil, que vai até o dia 30.

 

As capacitações estão abrindo portas e trazendo novos significados para a vida das mulheres inscritas, a exemplo da pegagoga Gisele Estrela Aquino, de 38 anos, que foi premiada recentemente com R$10 mil pela Caixa Econômica Federal, Visa e Rede Mulher Empreendedora, devido à trilha que fez com o projeto que já desenvolve na área de educação, prestando reforço escolar e atendimento neuropsicopedagógico especializado para as crianças de Alto de Coutos.

 

Ao sair da empresa onde trabalhava, este ano, ela investiu o seguro desemprego no Espaço Crescer e Brilhar, que funciona na cobertura da própria casa e onde é possível ter atendimento especializado para crianças com dificuldade de aprendizagem, a exemplo de dislexia e discalculia, além de transtornos do neurodesenvolvimento.

 

“O curso Trilha Visa ampliou muito minha visão, me proporcionou novos olhares e me fez visualizar melhor o meu empreendimento na área de Educação. As professoras supercapacitadas me levaram a valorizar mais o meu serviço, me proporcionando uma visão de empreendedorismo. Com o prêmio, eu pretendo ampliar o espaço de aprendizagem para alcançar o maior número de crianças possível e fazer com que elas possam se desenvolver da melhor forma através da neurociência”, conta.

 

Estética – As capacitações também possibilitaram uma transição importante na carreira de Aynoan Soares,33. Ela dependia de um certificado em maquiagem para abrir o seu estúdio e agora, com o aprendizado e o certificado, que espera receber em breve, já planeja dar esse novo passo.

 

“Eu já trabalhava na área da estética e do autocuidado, mas precisava de um certificado para abrir o meu próprio negócio. Agora eu pretendo abrir um estúdio de design de sobrancelha e maquiagem para a produção de noivas. Esse curso está trazendo novos significados para mim. É um curso inclusivo, porque muitas vezes nós temos o dom, mas não temos as ferramentas que nos levem ao êxito em determinada área e esse curso está dando a oportunidade das ferramentas e do certificado”, conta.

 

Colega de curso de Aynoan, Leíse Conceição, 38 anos, conta que está amando as aulas. “O curso está sendo uma oportunidade maravilhosa. Chega a ser meio inacreditável, porque a gente é mulher, mãe solo, negra e conseguir estar em lugares que te elevam gratuitamente com a qualidade que a gente encontra aqui é muito difícil. As oportunidades desse tipo para meninas no meu perfil são raras e temos que aproveitar. Eu estou encantada e vou levar esse aprendizado para a vida”, diz.

 

Conteúdo – Durante a capacitação em maquiagem, com duração de uma semana, as alunas aprendem um pouco sobre apresentação pessoal e comportamento, biossegurança, produtos necessários para o trabalho como maquiadora e técnicas de maquiagem. Após uma apresentação teórica, as alunas começam aprender a maquiagem na prática, exercitando o aprendizado umas nas outras.

 

“A estética é uma área que tem crescido muito, principalmente a maquiagem. Eu trabalho só com maquiagem, tenho um filho de 13 anos, moro com a minha mãe e meu filho e sou a chefe da família. Então, eu acredito que é uma área que dá para empreender e garantir o sustento”, afirma Taís Moreira, professora do curso.

 

Ela conta que atuava como vendedora, mas sempre gostou de estética, até que um dia saiu da empresa onde trabalhava e montou o seu próprio estúdio. “Aquele foi um passo transformador na minha vida. De lá para cá, eu não parei de fazer maquiagem e estou aqui ensinando”, diz.

 

Aproveitamento – Vice-presidente da Central Única de Favelas (Cufa) Nacional, Marcio Lima faz um balanço positivo do projeto. “Foi um projeto-piloto que deu muito certo aqui. Com toda sua pluralidade, as mulheres estão vindo participar e estão ressignificando as suas próprias vidas, porque elas estão percebendo, como diz Celso Athayde, fundador da Cufa, que favela não é carência, favela é potência. Através do empreendedorismo, do investimento, da tecnologia, inovação e de todo esse leque de possibilidades, elas estão se colocando nesse lugar de potência que as mulheres sempre foram e sempre serão”.

 

Marcio lembra que as capacitações podem ser feitas tanto por mulheres cisgênero como por mulheres trans e travestis. As próximas duas semanas serão as últimas de capacitações presenciais em áreas como maquiagem, empreendedorismo, design de unhas, trancista e dread e design de produtos e negócios lucrativos. Depois desse período, o programa ainda deve beneficiar 1.500 mulheres com cursos on-line.

 

Programa – As capacitações fazem parte de um Laboratório de Inovação Social do Programa Mulheres de Favela, desenvolvido pela Caixa Econômica Federal e a Cufa. Em Salvador, o programa tem a parceria da Prefeitura, que está cedendo o Subúrbio 360 para a realização da atividade e também promovendo uma articulação com entidades sem fins lucrativos para a viabilização de outras capacitações.